Descobrindo o Diabetes Tipo 1: Tudo o que Você Precisa Saber

O que é diabetes tipo 1?

O diabetes tipo 1 interfere na forma como o corpo utiliza o açúcar. Todas as células do corpo necessitam de açúcar para funcionar normalmente. Por sua vez, a insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas (um órgão no abdome), ajuda o açúcar a entrar nas células. Contudo, quando não há insulina suficiente ou as células não respondem normalmente a ela, o açúcar se acumula no sangue, caracterizando o diabetes.

Existem dois tipos principais de diabetes:

  1. No diabetes tipo 1, o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina.
  2. No diabetes tipo 2, inicialmente o pâncreas ainda produz alguma insulina, mas as células do corpo desenvolvem resistência a ela. Com o tempo, o pâncreas não consegue produzir insulina suficiente para atender à demanda.

O que causa o diabetes tipo 1?

O diabetes tipo 1 geralmente se desenvolve quando o sistema imunológico destrói as células produtoras de insulina (células beta) no pâncreas. Esta resposta autoimune ocorre ao longo de meses ou anos. Normalmente, os sintomas como micção frequente e sede só aparecem quando mais de 90% das células produtoras de insulina foram destruídas.

Embora o diabetes tipo 1 possa se desenvolver em pessoas com ou sem histórico familiar, certos genes aumentam a suscetibilidade à doença. Associado a isso, fatores ambientais e exposição a certos vírus podem desencadear a resposta autoimune, embora os mecanismos exatos ainda estejam em estudo.

Parentes próximos de uma pessoa com diabetes tipo 1 têm um risco aumentado de desenvolver a doença (5 a 6% versus 0,4% na população geral). Atualmente, não existem testes genéticos amplamente disponíveis para determinar o risco de desenvolver diabetes tipo 1.

Quais são os sintomas do diabetes tipo 1?

Quando o nível de açúcar no sangue está muito alto devido ao diabetes tipo 1, os sintomas geralmente incluem:

  • Sede intensa
  • Muita fadiga
  • Micção frequente
  • Perda de peso
  • Visão embaçada

Em casos graves, pessoas com diabetes tipo 1 podem desenvolver cetoacidose diabética, uma complicação potencialmente fatal. Além dos sintomas mencionados acima, a cetoacidose diabética pode causar:

  • Náusea e vômito
  • Dor abdominal
  • Respiração rápida
  • Sensação de lentidão
  • Dificuldade de concentração
  • Em casos extremos, coma

Portanto, a cetoacidose diabética é uma emergência médica que requer tratamento imediato. Às vezes, o diagnóstico de diabetes tipo 1 ocorre após um episódio de cetoacidose diabética.

Como diagnosticar o diabetes tipo 1?

O diagnóstico envolve um exame de sangue que mede a quantidade de açúcar no sangue. Se a glicose estiver alta, o médico determinará o tipo de diabetes com base em vários fatores:

  • Idade (diabetes tipo 1 é mais comum em crianças e adolescentes, mas pode surgir na fase adulta)
  • História familiar (presença de outros casos de diabetes na família)
  • Peso (excesso de peso ou obesidade favorecem o diagnóstico de diabetes tipo 2)

Em alguns casos, exames de sangue adicionais, incluindo dosagem de anticorpos, podem ser necessários para diferenciar entre diabetes tipo 1 e tipo 2.

Como tratar o diabetes tipo 1?

O tratamento do diabetes tipo 1 envolve duas partes principais:

  1. Monitoramento frequente do nível de açúcar no sangue, seja por meio de glicemia capilar (“pontas de dedo”) ou através de um sensor de monitorização contínua de glicose.
  2. Administração de insulina por meio de injeções ou uma bomba de insulina para manter os níveis de açúcar no sangue na faixa adequada. Resumidamente, uma bomba de insulina é um dispositivo usado próximo ao corpo, geralmente conectado a um tubo que vai sob a pele e fornece insulina continuamente.

Além disso, pessoas com diabetes tipo 1 precisam planejar cuidadosamente suas refeições e atividades físicas. Nesse contexto, a contagem de carboidratos e a aplicação de insulina antes das refeições ajudam a controlar melhor o diabetes. Em relação à atividade física, esta pode aumentar ou diminuir o açúcar no sangue, dependendo do tipo de atividade.

Apesar da necessidade de planejamento, pessoas com diabetes tipo 1 podem levar uma vida normal e realizar a maioria das atividades que outras pessoas fazem.

Com que frequência devo consultar meu médico?

As consultas devem ocorrer pelo menos três ou quatro vezes por ano. Durante essas visitas, o médico avaliará:

  • O nível médio de açúcar no sangue nos últimos 2 a 3 meses através do exame de hemoglobina glicada.
  • Para pacientes que usam sensor de medição de glicose, o “tempo no alvo” (quanto tempo a glicose se manteve entre 70 e 180mg/dl) e os gráficos de variação da glicose diária.

Ocasionalmente, o médico também verificará outros aspectos da saúde, como pressão arterial, colesterol, fundo de olho e função renal.

Por que é importante manter o nível de açúcar no sangue sob controle?

Manter o açúcar no sangue dentro da faixa alvo é crucial para prevenir complicações a longo prazo, como:

  • Danos nos nervos
  • Doença renal
  • Problemas de visão (incluindo cegueira)
  • Dor ou perda de sensibilidade nas extremidades
  • Necessidade de amputações
  • Doença cardíaca e derrames

Por outro lado, níveis muito baixos de açúcar no sangue (hipoglicemia, abaixo de 70mg/dl) podem causar sintomas como taquicardia, tremores e sudorese. Em casos graves, a hipoglicemia pode levar a dores de cabeça, sonolência extrema, desmaios ou até convulsões, e por isso, hipoglicemias devem ser evitadas.

É possível prevenir o diabetes tipo 1?

Embora não seja possível prevenir completamente o diabetes tipo 1, existe um medicamento chamado teplizumabe que pode retardar seu início. Este medicamento, administrado por infusão endovenosa, está disponível para pessoas com 8 anos ou mais que ainda não têm diabetes, mas apresentam níveis anormais de açúcar no sangue e níveis elevados de dois ou mais autoanticorpos pancreáticos.

A presença desses autoanticorpos indica que o corpo começou a destruir suas próprias células produtoras de insulina. Desse modo, o teplizumabe atua para atrasar esse processo autoimune, potencialmente adiando o início do diabetes tipo 1.

Em conclusão, o diabetes tipo 1 é uma condição complexa, que exige seguimento regular com endocrinologista e nutricionista, educação do paciente a respeito do tratamento, da importância do controle glicêmico e de medidas para evitar e tratar hipoglicemias.