Canetas Contra a Obesidade: O que São e Quais Temos Disponíveis?
O que são os agonistas do receptor GLP-1 e GIP?
Nosso intestino produz alguns hormônios, como o GLP-1 e o GIP, que ajudam o pâncreas a liberar insulina quando o nível de açúcar no sangue está alto. Além disso, o GLP-1 ajuda a reduzir a fome, faz o estômago esvaziar mais devagar e aumenta a sensação de saciedade (aquela sensação de que já comemos o suficiente). Existem medicamentos que imitam esses hormônios e ajudam tanto no controle da diabetes tipo 2 quanto na perda de peso.
Tirzepatida
A tirzepatida é um medicamento injetável que age imitando os dois hormônios (GLP-1 e GIP). Ela é aplicada uma vez por semana, em doses que começam baixas e vão aumentando aos poucos (podendo atingir doses de 5mg, 10mg e 15mg), conforme a resposta do paciente. Estudos mostraram que ela é bastante eficaz para perda de peso, mesmo em pessoas que não têm diabetes.
Por exemplo, um estudo com mais de 2.500 pessoas com obesidade (mas sem diabetes) mostrou que quem usou tirzepatida perdeu entre 15% e 21% do peso corporal em 72 semanas, enquanto quem usou placebo perdeu apenas 3%. Em pessoas com diabetes tipo 2, a tirzepatida também ajudou a controlar o açúcar no sangue e a perder peso.
Semaglutida (injeção semanal)
Outro medicamento eficaz é a semaglutida, também injetável uma vez por semana. Ela também ajuda a perder peso e a controlar os níveis de açúcar e colesterol no sangue. A dose começa bem baixa (0,25 mg por semana) e vai aumentando até a dose ideal (1,7 ou 2,4 mg), dependendo da tolerância do paciente.
Em um estudo chamado STEP 1, pessoas com obesidade que usaram a semaglutida perderam, em média, 15 kg em 68 semanas, contra apenas 2,6 kg no grupo placebo. Ela também teve benefícios cardiovasculares, ou seja, ajudou a reduzir o risco de infarto e outros problemas do coração, mesmo em pessoas que não têm diabetes.
Liraglutida (injeção diária)
A liraglutida é um medicamento da mesma classe, mas precisa ser aplicada todos os dias. Foi o primeiro agonista do GLP-1 aprovado para o tratamento da obesidade. É indicada para pessoas com obesidade ou sobrepeso com problemas relacionados, como pressão alta ou diabetes tipo 2. Ela também ajuda na perda de peso e melhora os níveis de açúcar no sangue.
Em um estudo, pessoas que usaram liraglutida perderam, em média, 8 kg em 56 semanas, contra 2,6 kg no grupo que usou placebo. Por muito tempo foi a medicação mais usada, mas acabou tendo seu uso reduzido pela opções anteriormente citadas por serem mais eficazes na perda de peso, e também mais convenientes por terem aplicação semanal.
A grande novidade que surgiu no Brasil na última semana foi o lançamento da liraglutida 100% nacional, desenvolvida após queda da patente. O uso de medicações similares pode favorecer o acesso e aumentar a concorrência, o que pode ser uma vantagem com essa nova possibilidade.
Efeitos colaterais mais comuns
Os efeitos colaterais mais frequentes desses medicamentos são gastrointestinais, como náusea, vômito, diarreia ou prisão de ventre, especialmente nas primeiras semanas. Esses sintomas geralmente são leves e melhoram com o tempo. Comer devagar, em pequenas porções e evitando alimentos gordurosos pode ajudar.
Contraindicações
Esses medicamentos não devem ser usados por:
- Gestantes ou mulheres tentando engravidar
- Pessoas com histórico pessoal ou familiar de câncer raro da tireoide (câncer medular) ou de uma doença genética chamada Neoplasia Endócrina Múltipla tipo 2 (MEN 2)
- Pessoas com problemas intestinais graves ou que têm o estômago que demora muito a esvaziar (gastroparesia)
Cuidados especiais
- Esses remédios podem reduzir o apetite, o que é bom para a perda de peso. É muito importante o acompanhamento com nutricionista e endocrinologista para evitar perdas de peso às custas de massa magra.
- Eles devem ser suspensos antes de cirurgias com anestesia geral, pois o esvaziamento gástrico lento pode aumentar o risco de complicações.
Informações importantes
Evite usar medicamentos dessa classe feitos em farmácias de manipulação. Nesses casos, eles não passam por controle rigoroso de segurança e eficácia como os remédios aprovados por agências reguladoras. E, principalmente em relação à semaglutida e à tirzepatida, como não houve queda da patente, não há garantia em relação ao que realmente se está em uso quando se utiliza formulações manipuladas.
Em 16 de abril de 2025, a Anvisa aprovou um controle mais rigoroso na prescrição e dispensação desses medicamentos. E, desde 23 de junho de 2025, implementou a necessidade de prescrição médica para compra.
Procure um endocrinologista para devido acompanhamento.










